O sonho de todos, viver com qualidade e por muito tempo é resultado das escolhas que fazemos aqui e agora. A conclusão é do médico geriatra Renato Maia Guimarães que estudou a longevidade e publicou o livro "Decida Você Como e Quanto Viver" (Saúde & Letras).
Ele defende que 50% dos fatores para a vida longa são determinados por hábitos, crenças e valores. Outros 30% pela genética e 20% por fatores históricos e condições político-sociais. O autor é mestre em Ciências da Saúde, onde concluiu seu curso no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília.
Explica que a velhice traz uma queda no aspecto orgânico mas, motiva o crescimento emocional, cultural e intelectual. O autor compara a saúde a uma conta de investimento. "Os saques mais caros estão relacionados à excessiva ênfase no aqui e agora, nos prazeres imediatos do fumo, excesso de álcool. Incluo nesse saques a visão pessimista da vida, a descrença no futuro e o fatalismo, pois esse tipo de atitude desencadeia outros problemas", informa.
Defende a busca da felicidade como o grande objetivo de vida, mais importante inclusive que a saúde física. "A autonomia é um grande valor. Se a vida estiver sob ameaça, como no caso de um câncer intratável, defendo que as pessoas considerem outros componentes do seu capital de saúde, como o bem-estar psicológico. Médicos não salvam vidas, eles adiam a morte. Pessoalmente tenho simpatia por quem foge do hospital. Não que isso faça bem, mas demonstra que são elas próprias que determinam suas vidas".
Desmistificar
Guimarães explica que é preciso desmistificar a morte, ela não deve ser encarada como uma derrota. É um processo natural. Para ele, o melhor no último momento é estar com a família. O geriatra diz que mais de 50% dos leitos de UTI são ocupados por idosos com doenças terminais que não irão se beneficiar do hospital. Reforça a tese de que a visão positiva e a auto-estima colaboram para o bom envelhecimento. Além disso, o casamento feliz é um fator de longevidade.
Impacto da fé
Outro ponto destacado, com forte impacto positivo na saúde, é a fé. "Existem evidências de que pessoas enfermas que recebem orações, mesmo de lugar distante, têm maior chance de recuperação. Bom humor e altruísmo também parecem contribuir", destaca.
"Platão ensinava a importância do equilíbrio entre razão e paixão. O segredo está aí. É preciso viver intensamente cada instante sem esquecer que o futuro um dia será presente. O importante é não gerar proibições tolas em qualquer fase da vida. Adoto o lema da geração 60: é proibido proibir", discorre em entrevista ao caderno do Estadão (Edição de 23/09).
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